Tarde na noite.
O prédio dorme, exausto,
no silêncio do escuro.
Nem um pio, um sopro, um sussurro.
Ao longe, já se sente
o ronronar do carro vassoura
na recolha dos detritos
que a rua alberga à luz do dia.
Indiferente, o prédio dorme.
Mas, de repente,
num sobressalto, todos acordam.
Um estrondo imenso invade tudo
num dilúvio de som, de sons,
bem ritmados, afinados, sincronizados,
atroando os ares.
E o prédio treme,
uma luz ténue ilumina
bombos e caixas que já regressam
do cortejo.
Foi "O Pinheiro".