Sair...com calma. Entrar...com força!
O melhor ano possível, boas amigas e amigos!
Sair...com calma. Entrar...com força!
O melhor ano possível, boas amigas e amigos!
Trezentas mil crianças, segundo informação que a Directora do Museu do Papel agora mesmo prestou em noticiário televisivo, escreveram cartas ao Pai Natal, cartas em papel. Assim se pretendia demonstrar a importância que este continua a ter nas nossas vidas, em simultâneo com a necessidade de estar atento à protecção da floresta e à promoção da reciclagem.
Pois...fiquei a pensar... De facto, o correio electrónico quase substitui por completo as cartas escritas em papel...Quase! Mas não na totalidade.Porque há quem não tenha computador... e porque, mesmo tendo, há momentos em que ter um papel na mão, poder guardá-lo dentro de um bolso...ou de um livro... ou na caixinha das recordações... é algo bem diferente, romântico...ternurento...inconfundível, digo eu, que comecei a escrever cartas desde que aprendi a escrever...
O pior é o que nos vai oferecendo este tempo de...modernização (?) Vai-se pôr a carta no marco - sim, no marco, aquele cilindro vermelho vivo que salpica (salpicava?) as nossas cidades de cor - e, de boca aberta, verifica-se que... não está lá! Verdade! Não é uma piada, aconteceu-me recentemente em dois locais da cidade de Guimarães!
Já toda a gente sabe que 2012 está a ser afanosamente preparado na cidade, grandes obras renovaram o centro, substituindo infra-estruturas desgastadas por outras mais eficientes, o que é bom, mas segundo critérios estéticos que têm sido muito discutidos, aprovando alguns, discordando outros, poucos, talvez, aguardando, dando o benefício da dúvida...Duma coisa tenho eu a certeza: faz - me falta um marco do correio por perto! Onde os dois cuja ausência notei? Ainda voltarão ao seu lugar...? Ou foram definitivamente mandados para a sucata ?! Ou serão substituídos por algo mais "moderno", linhas rectas, material "frio"... para não perturbar o vazio dos espaços...? Não sei. Sei que a deslocação ao edifício dos Correios não me é fácil. O meu caso não será único...
Donde...a pergunta: As cartas em papel estarão condenadas à morte...?!
Imaginem que, em Londres, acabavam com as cabines telefónicas...Imaginem!
Crise! Pois que outra palavra melhor retrataria este ano?!
Quando e quem alguma vez se lembrou de questionar a existência de feriados? E os motivos que lhes dão origem...? provavelmente ninguém pensou nisso e aceitou-os, simplesmente. Até à data. É que agora há que poupar...em tudo. Até nas datas dedicadas a comemorar acontecimentos, quer civis, quer religiosos!É cortar, serrar...
É claro que ia haver discussão, gente contra, gente a favor...Cortar...talvez. Nos civis? Nos religiosos? Em ambos, assim o exige a economia do país: é preciso não desperdiçar tempo, a competitividade está em causa, mais umas horas, uns dias de trabalho a mais...vão ajudar... dizem...
"O que resolve a competitividade é a qualidade da educação ou ( eu diria e ) a organização do trabalho", escreveu algures Manuel Alegre. Não poderia estar mais de acordo - e não é pela ideia vir de quem vem. O problema está sempre na falta de qualidade...seja onde ...e para o que for. É preciso elevar a fasquia na exigência de qualidade em tudo na vida. E investir esforçadamente para a atingir , que ela não cai do céu...
Mas, afinal, quais os feriados que estão em causa?
Natal, Ano Novo, Carnaval,Páscoa...são dados adquiridos.
Vejamos então:
5 de Outubro? Nem pensar. Justifica-se: é a data do Tratado de Zamora, 1143, que marca o nascimento de Portugal e o seu primeiro Rei
É também a data da implantação da República, no ano de 1910. Duas datas marcantes na história do país.
Todos os Santos?...Tenho dúvidas, a tradição nos preparativos da homenagem aos finados...tem muito peso. E, se o estado é laico,as populações não o são...
1º de Dezembro...? Nós cá, os Espanhóis lá ...? Será que essa "raiva" ainda tem peso...?
8 de Dezembro, Senhora da Conceição, padroeira de Portugal desde D.João IV, 1640...?
25 de Abril?!...muito estranho me pareceria que não fosse celebrado. Ou já se esqueceram, do antes e do depois, do durante?! Não me venham para cá dizer que muito do prometido falhou. Pode ser verdade...E os "queixosos", que fizeram para que tivesse sido, possa ainda vir a ser, melhor? Vamos mas é arregaçar as mangas e continuar a sonhar e a lutar por um país mais justo, criticar sem nada realizar não é certo.
1º de Maio? A força e os direitos dos trabalhadores, em luta por um horário de trabalho de 8 horas...e não de sol a sol... a memória dos que se sacrificaram pela classe...? É complicado...
10 de junho, dia de Camões, das comunidades...não sei, é difícil...o coração dirá que sim...a razão...não sei...
Junho dos Santos Populares tem feriados municipais em várias localidades...Passar as celebrações para o domingo seguinte? Talvez...
Corpo de Deus ? Igualmente.
15 de Agosto, Senhora de Nazaré , como dizem na minha aldeia, igualmente.
O panorama é este...Vamos a votos?...
Os dias são curtos,
pelas quatro, já se vê mal.
Dezembro impera, está próximo
o Natal. Na janela,
o meu cacto recortado
floresce, dá sinal ,
sinal de boas-vindas ao Menino.
Minúsculos pontos cor-de-rosa
abrem em roseta no final,
adornam o presépio,
vermelho e verde, contraste natural,
a Mãe com o Menino no regaço,
o Pai de pé, maravilhado,
olhando o mistério do Menino anunciado.
É uma família em espanto e adoração.
É um exemplo, é paz, aceitação...
É...Natal.
Acabo de ouvir a notícia do reconhecimento do valor do responsável pela acção de salvamento dos pescadores das Caxinas : um jovem de trinta anos que a sua terra, Viseu, quis homehagear. Ainda bem. A princípio, fez-me alguma impressão ninguém falar dos "salvadores". Acredito que a gravidade da situação e a euforia no sucesso da recuperação em circunstâncias tão adversas relegassem para "depois" a gratidão. Mais vale tarde...que nunca! Afinal...todos merecem felicitações, "salvados" e salvadores!
Aparelhos em "stand-by"...Que fazer? Desligar o computador...a impressora...o MEO...todas as noites? Se não houver "danos colaterais"...até poderia ser. Mas se....? Compreendem a minha dúvida? Investigadores...empreendedores... que dizem aos comuns mortais? Agradecem-se as dicas!
"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!"
Mais uma vez se repetiu a dor, a ansiedade...e choraram mães e noivas, como no poema.O país esteve alerta, consternado, talvez rezando intimamente por aqueles rudes homens do mar, desaparecidos na sua faina - ganha - pão. Lá bem no fundo...talvez uma resteazinha de esperança.
Depois, depois a explosão de emoções, quando correu a notícia: foram avistados! Palavras não descrevem os sentimentos daquelas gentes, familiares, amigos, autarcas, todo o mundo em regozijo. Quanta felicidade! As imagens enchem os olhos e os corações, muito mais que as anteriores, postas em foco pela comunicação social...talvez exageradamente...não guardando o desejado pudor no respeito pela dor alheia, digo eu...com algum receio que me achem ...insensível? demasiado sensível? Não sei. Cada um reage a seu jeito... Reagindo, ainda a propósito, pergunto-me: e os salvadores? não teriam merecido um maior destaque...louvores públicos, oficiais...um agradecimento...? Bem que sei que se limitaram a cumprir o seu dever, a executar com eficiência as tarefas para as quais receberam a devida preparação... Mas eles também arriscam a vida... têm o seu brio, sentem...e é gratificante para qualquer um acolher reconhecimento , ainda que seja por se cumprir bem o que nos cabe...
"Valeu a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena"!
Que vivam os valentes e os heróis!
Já depois de ter registado este "reparo", ouvi na tv o Presidente da República salientar a importância das Forças Amadas, e a sua eficiência em actuações como o salvamento destes pescadores. A "balança" ficou, assim, mais próxima do equilíbrio...Ainda bem.
Em tempo: acabo de ouvir na tvi o entrevistado do Prof. Marcelo. Finalmente: um Comandante da Marinha deixa bem clara a importância da actuação dos elementos das Forças Armadas no salvamento destes homens do mar - razões para ,eles e nós, nos sentirmos orgulhosos.
Peço licença para citar:
"Coimbra é a cidade e a esperança dos domingos à tarde.
Um calendário abandonado no bolso do casaco é Coimbra.
Coimbra são as fotogafias reveladas de um rolo antigo,
esquecido numa gaveta. E, no entanto,enquanto falamos,
Coimbra existe e corre no recreio. Existe ar que é respirado
apenas por Coimbra. Existe um coração no seu peito e bate,
e esse é um milagre de deus que transcende deus."
José Luís Peixoto, in "Gaveta de Papéis"
Coimbra é a minha cidade.