Como explicar a emoção perante momentos que não são surpresa, novidade, coisa do outro mundo?! E, noentanto, acontece, sinto-a invadindo o corpo, vejo-a na penugem dos braços, está lá, cada vez que me é dado ouvir uma peça musical dirigida por um grande maestro. Acontece sem o esperar, e não importa se é um coro, uma filarmónica (como a de Berlim), um tango de Piazola...É boa música, independentemente do género.Gustavo Dudamel é alguém a quem reajo assim. Ainda há dias, num magnífico parque, com enorme anfiteatro debruçado sobre o palco, em Berlim, me emocionei ao ouvir e ver a execução, quer de clássicos, quer da bela música tradicional argentina, pela Orquestra Filarmónica de Berlim, levada pelo entusiasmo, a alma, a vivacidade, o amor à música deste jovem maestro. Mas não é a idade que o distingue doutros. É a sua expressividade ,que atiça o público e se transmite aos executantes de forma visível. É o des-sacralizar da música, é o vivê-la em conjunto, é gozar a alegria de, na música, não haver distinção de credo, raça, opção clubística....
É um arrepiozinho bom, momento fabuloso que "limpa" a alma ,nesta sociedade fútil, consumista de mediocridade, de mediocridades, para a qual um exemplo destes ainda nos deixa a esperança de que é possível "abrir" para o bom gosto, para a qualidade...Se eu o digo, eu que não sei música, que só sou guiada pelo instinto...