Tenho andado a rasgar papéis...
Às vezes é como rasgar pedaços de uma vida ! Mas a mania de guardar tudo...chega a um ponto que se torna incómodo; até porque muita dessa papelada já não tem utilidade alguma, apenas ocupa espaço num espaço já de si pequeno. Por isso : vá lá, coragem, toca a seleccionar!
E assim tenho aproveitado o meu tempo, nestes tempos em que não apetece pôr pé na rua. Já rasguei e mandei para a reciclagem sacos de tralha! O pior é se, sem contarmos, aparece uma foto, um bilhete, uma nota, um qualquer apontamento que nos faz recuar, reviver,sorrir...ou deixar que a emoção se imponha...
Encontrei numa carteirinha antiga uma foto minha e de meu Pai, no terraço da Pensão Lisboa, em Montereal, onde fazímaos termas e praia, já que a Vieira de Leiria é perto. Bons tempos de ignorância e inocência, em que os meus treze anos não tinham consciência de que a doença já lá estava...e eu corria, nadava, andava de patins ou de barco, na foz do agora tão poluído Rio Liz, e dançava à noite, no fim de jantar, com os companheiros de hospedagem. Feliz inconsciência...
Mais recente, estava também uma foto de B.I. de um "eu" uma dúzia de anos mais novo ,corte de cabelo curto, como de costume, mas diferente, mais jovem ,menos "senhora respeitável...
Até o filho, na tropa, farda de gala para a fotografia...E se foram tempos memoráveis (por boas e menos boas razões...) !
Guardar"papéis" é preciso, conveniente até, em circunstâncias várias.
Mas é bem mais complicado , chegada a hora, desfazermo-nos deles.